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“OUVIDORES DE VOZES”: SOMOS TODOS NÓS!

Antonio dos Santos Andrade

Atualizado: 15 de nov. de 2024

Henri Bergson, antecessor filosófico de Gilles Deleuze e de Jacob L. Moreno, alertava constantemente para um dos mal entendidos mais frequente em Filosofia, supor diferença de natureza quando só há diferença de grau, ou vice-versa. Mostraremos a seguir que este é o caso dos “ouvidores de vozes”, para isso recorreremos à Esquizoanálise, com seus conceitos de Máquina Desejante e Agenciamento, Agenciamento Coletivo de Enunciação e Palavras de Ordem. Temos ainda como objetivo contribuir para a difusão do movimento “Ouvidores de Vozes”. Para maiores informações, sugerimos o site: https://sites.usp.br/ouvidoresdevozes/ e o vídeo:



Os conceitos referidos anteriormente constituem o núcleo da Esquizoanálise, suas teorizações sobre o Desejo, que, decorrente da distinção feita pelo estoicismo antigo, iniciam por distinguir dois aspectos: o “conteúdo”, aquele que se refere aos corpos, com suas ações, paixões e os estados de coisas determinado pelas misturas de corpos; e a “expressão”, os incorporais, os efeitos, as transformações incorpóreas.

Em Anti-Édipo (Deleuze & Guattari, 1972/2010), o desejo será referido como “produção desejante” e o inconsciente como “maquínico”, “molecular” ou “virtual”. A produção desejante será diferenciada em: (a) produção da produção: realizada por meio de máquinas desejantes; (b) produção de registros: para a qual identificam as máquinas paranoicas e miraculantes; e (c) produção de consumo: realizada na máquina celibatária. 

A proposta de um inconsciente maquínico ou molecular corresponde à identificação do núcleo de virtualidade da mente, tal como expusemos no post “O Ser e o seu Drama”, deste Blog, no qual citamos o exemplo do núcleo celular e seu genoma como constitutivo do núcleo de virtualidade da célula ou dos tecidos do corpo.

As máquinas desejantes só funcionam acopladas, ou conectadas aos pares, numa sequência linear e, por isto, são ditas “máquinas binárias, com regra binária ou regime associativo” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 16). Por exemplo, o seio é a máquina-fluxo para a boca, que é a máquina-corte para ele, ou seja, o seio produz o fluxo de leite, que a boca do bebê corta. Nesta perspectiva, um órgão, uma parte do corpo, é sempre um objeto parcial que corta o fluxo de algo com o qual ele está conectado, mas, ao mesmo tempo, este mesmo objeto é uma máquina-fluxo para outro órgão que se conecta a ele, na sequência linear. 

A produção das produções se caracteriza pela conexão entre objetos parciais, aos pares, e resulta em uma síntese passiva referida como “conectiva: ‘e’, ‘e depois’...” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 16). Mas, não se deve abstrair daí um organismo, uma organização, um sentido ou uma ordem; o inconsciente é uma grande fábrica, máquinas de cortar e produzir fluxos. Nossas ações e paixões, em suas origens, na formação das disposições que as iniciam, no inconsciente, se formam por acoplamentos ou conexões de objetos parciais, como máquina-fonte ou máquina-corte. Não há sentido, não há razão, nem lógica, na origem de nossas ações e paixões, só conexões e acoplamentos de objetos parciais.

No indivíduo, há um organismo, com toda a sua organização, seus órgãos. Mas, durante a produção desejante, no lugar do corpo, algo diferente de um organismo se produz, referido como “um puro fluído, em estado livre e sem cortes” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 20), como resultado das conexões que originam as condições de fluxo e corte de fluxos. O corpo sofre por estar organizado, ele precisa de desorganização, de outra organização ou organização nenhuma, para que o Desejo possa passar. Este “terceiro termo na série linear” foi denominado por Antonin Artaud como “Corpo sem Órgão – CsO”, concebido como “o improdutivo, o estéril, o inengendrado, o inconsumível” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 20), sem forma e sem figura. Ele é sem imagem, “não é uma projeção: nada a ver com o corpo próprio, corpo vivido ou com uma imagem do corpo” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 20). Esta participação do CsO, na produção desejante, assume dois aspectos, dois momentos, duas etapas, separadas apenas didaticamente.

Por um lado, entre o Corpo sem Órgão e as máquinas desejantes, com seus objetos parciais, surge um conflito aparente, como uma repulsa daquele por estas, sentindo-as globalmente como aparelho de perseguição. Eis a máquina paranoica, originada da “oposição entre o processo de produção das máquinas desejantes e a parada improdutiva do corpo sem órgão” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, pp. 21-22). Esta máquina é apenas uma mutação das máquinas desejantes: “resulta da relação das máquinas desejantes com o Corpo sem Órgão, na medida em que este já não pode suportá-las” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 22). Este aspecto revela uma característica fundamental das máquinas desejantes - só funcionarem desarranjadas, desarranjando-se constantemente -, ao contrário das máquinas técnicas, aquelas produzidas pelo homem, cujo funcionamento é sempre arranjado e organizado. 

Se o Corpo sem Órgão se insere como antiprodução na série desejante, no prosseguimento desta, ele “se assenta sobre a produção desejante, e a atrai, apropria-se dela” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 22), as máquinas-órgãos, os objetos parciais, se “engancham” nele. “Assim, uma máquina de atração sucede, pode suceder, à máquina repulsiva: uma máquina miraculante depois da máquina paranoica” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 24). Nesta nova máquina, a miraculante, o CsO passa a servir de “superfície de registro de todo o processo de produção do desejo” (p. 24), de tal forma que as máquinas desejantes se originam dele, mas agora “miraculadas”, como órgãos regenerados no interior de um processo delirante. Ocorre, portanto, o estabelecimento de uma “superfície encantada de inscrição, ou de registro” (p. 24). Esta superfície encantada, no processo miraculante, “atribui a si própria todas as forças produtivas e os órgãos de produção” (p. 24). Mas, “a antiga máquina paranoica subsiste sob a forma de vozes zombeteiras que procuram ‘desmiracular’ os órgãos” (p. 24, negritos nossos). Eis porque o desejo só se realiza num contexto de fantasia (miraculante) e delírio (miracularização), num processo que só o esquizo (ainda não adoecido) consegue suportar e são eles que testemunham a existência do mesmo.

Se a lei da produção de produção era a síntese conectiva, agora, a lei da produção de registro é a síntese disjuntiva, a segunda síntese: “ou...ou”. Ela exprime uma distribuição das máquinas desejantes em relação ao elemento não produtivo, CsO, enquanto “pressuposto natural ou divino”.

Na superfície de inscrição “algo da ordem de um sujeito se deixa assinalar” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 30), mas um sujeito muito estranho, não possui identidade fixa, percorre o CsO, sempre ao lado das máquinas desejantes, recolhe por toda parte o prêmio de um devir ou avatar. É este percurso que caracteriza a terceira síntese do processo, a síntese conjuntiva ou da produção de consumo: “Então sou eu, então é a mim...” (p. 24).

Na etapa anterior, a repulsão entre as máquinas desejantes e o CsO, própria da máquina paranoica, fora sucedida pela atração na máquina miraculante. Uma nova repulsão permanece; no entanto, a reconciliação só pode se dar em uma nova máquina, a “máquina celibatária”, que forma uma nova aliança entre as máquinas desejantes e o CsO. O sujeito é produzido “como um resto, ao lado das máquinas desejantes” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 32), confundido com a própria reconciliação ou nova aliança. A isso corresponde a síntese conjuntiva do consumo, “sob a forma maravilhosa de um ‘Então era isso!’’’ (p. 32).

Através da máquina celibatária se produz também quantidades intensivas, “estados de intensidade pura e crua despojados de sua figura e de sua forma” (Deleuze & Guattari, 1972/2010, p. 33), na forma do “Eu sinto”, emoção verdadeiramente primária, que “só experimenta intensidades, devires, passagens” (p. 33). Estas intensidades puras “vêm das duas forças precedentes, repulsão e atração, e de sua oposição” (p. 33), mas elas não se opõem entre si e não tendem a um equilíbrio em um estado neutro; são sempre positivas a partir de uma intensidade igual a zero que designa o CsO. Esta máquina, como todas as outras, só pode ser acessada em meio ao processo “esquizo”. A consciência irá aparecer apenas ao final do “processo”, com suas máquinas de captura das intensidades na produção de representações, submetidas aos Agenciamentos Coletivos de Enunciação. 

Apesar de parecer surpreendente, e até estranha, esta descrição do desejo foi elaborada a partir de material publicado sobre como os esquizos o vivenciam. Cada uma das máquinas citadas foi retirada de autores geniais, ditos esquizofrênicos, que recorreram à literatura como meio de expressão de suas vivências. Em outras palavras, o que cada um publicou representava fragmentos, que Deleuze e Guattari reuniram na tentativa de reconstituir o “processo esquiza”, ou seja, o devir do desejo no inconsciente. Para eles, os únicos que conseguem suportar e lidar com o aparecimento, na consciência, de partes do processo de produção desejante são os ditos esquizofrênicos.

A partir das duas obras seguintes da parceria Deleuze e Guattari (1975/2017, 1980/1995a, 1995b, 1996, 1977a, 1997b), o conceito de produção desejante assume uma ampliação. Para chegar ao conceito de Agenciamento, os autores resgatam a distinção fundamental do Estoicismo Antigo entre corpos e incorporais, já apresentada em Lógica do Sentido (Deleuze, 1969/1974b). Assumindo que o inconsciente maquínico, descrito acima, corresponderia às misturas de corpos, de ações e paixões, restaria por descrever, analogamente, os efeitos dos quais estas misturas são causas. Para isto, os autores destacam o que referem como “transformações incorpóreas”, aquelas produzidas como incorporais, “exprimível” ou expresso, veiculados pela linguagem, por meio de enunciados. Para compreensão dessas transformações, eles se apoiam na Pragmática, com o conceito de ilocutório ou, como eles preferem denominar: palavra de ordem, do mesmo tipo dos enunciados imperativos, tais como aqueles que ordenam: Trabalhe!, interrogam: Como você veio? ou prometem: Eu te amo! Mas, vão ao extremo de afirmar que toda palavra é sempre uma palavra de ordem, em seus pressupostos implícitos. A linguagem deixa de ser concebida como informativa ou comunicativa. As informações que se trocam nos diálogos são mínimas, apenas o suficiente para a expressão das palavras de ordem, o mesmo se dá com as comunicações de estados interiores do locutor. 

Toda palavra de ordem realiza uma “transformação incorpórea”, não uma mudança dos corpos ou estados de corpos, mas uma transformação neles, um efeito, um acontecimento, um devir. Assim, um juiz quando declara a sentença de um réu, não produz nenhuma mudança no corpo ou estado corporal deste, mas o transforma de “réu” em “culpado” ou “condenado”. Esta mudança não é física, não se dá no seu corpo, mas lhe impõe uma nova condição, um novo modo de vida, um novo modo de ser daquele corpo no contexto social. Viver e interagir em sociedade, para os autores, é produzir “transformações incorpóreas” uns nos outros constantemente.

Para Deleuze e Guattari (1980/1995b), implicitamente, todo enunciado efetua sempre, na sua enunciação, palavras de ordem, que, por sua vez, realizam transformações incorpóreas. O conjunto de enunciado, da palavra de ordem e da transformação incorpórea que elas efetuam é referido como Agenciamento Coletivo de Enunciação, são neles que o desejo se realiza, mas ainda sempre de maneira oblíqua, indireta, pois nunca é satisfeito sem ser, ao mesmo tempo, coagido ou maltratado, e transformado, sublimado. Portanto, se a linguagem pode ser assumida como instituição essencial na constituição do humano, isso só pode ser assumido da linguagem como pragmática, não como semântica, sintática ou gramática. 

O agenciamento coletivo de enunciação se compõe de enunciados de um discurso sempre indireto, isto é, “a presença de um enunciado relatado em um enunciado relator, a presença da palavra de ordem na palavra” (Deleuze & Guattari, 1980/1995b, p. 23). Todo discurso direto “é um fragmento de massa destacado, e nasce do desmembramento do agenciamento coletivo; mas este é sempre o rumor onde coloco meu nome próprio, o conjunto das vozes concordantes ou não de onde tiro a minha voz. Dependo sempre de um agenciamento de enunciação molecular, que não é dado em minha consciência…” (Deleuze & Guattari, 1980/1995b, p. 23, negritos nossos). Os autores estão se referindo à presença de palavras de ordem ancestrais que se manifestam em nossos enunciados cotidianos. 

Os autores assumem, ainda, que os dois aspectos do Agenciamento, conteúdo (maquínico) e expressão (enunciados), são independentes, possuem forma própria. O conteúdo com a trama dos corpos e a expressão constituída pelo encadeamento dos expressos, para, em seguida, recusarem qualquer suposição de que a expressão representa o conteúdo ou que este seja o referente daquela, ou ainda, que haja qualquer paralelismo entre eles. Afirmam que “a independência das duas linhas é distributiva, e faz com que um segmento de uma reveze, sem cessar, com um segmento da outra, que se insinue ou se introduza na outra” (Deleuze & Guattari, 1980/1995b, p. 28), que não cessamos de passar das palavras de ordem à ordem muda das coisas ou vice-versa. 

Para determinar os pontos de intervenção, de inserção, entre conteúdo e expressão, Deleuze & Guattari (1980/1995b) assumem que tanto as formas de conteúdo quanto as de expressão possuem um movimento de desterritorialização que as arrebata: “Expressão e conteúdo, cada um deles é mais ou menos desterritorializado, relativamente desterritorializado segundo o estado de suas formas” (p. 28). Assim, existiriam graus de desterritorialização que quantificariam as formas, tanto de conteúdo como as de expressão, e seriam por estes graus que os conteúdos e as expressões se conjugariam, se alternariam, se precipitariam uns sobre outros, ou então, se estabilizariam, produzindo uma reterritorialização. Estes graus correspondem ao que os autores denominam circunstâncias e variáveis. Assim, postulam variáveis de conteúdo, “proporções nas misturas ou agregados de corpos” e variáveis de expressão, “fatores interiores à enunciação” (Deleuze & Guattari, 1980/1995b, p. 29). Os autores afirmam então que um conteúdo não entra em relação com uma expressão quando esta o descobre ou o representa: “É por conjugação de seus quanta de desterritorialização relativa que as formas de expressão e de conteúdo se comunicam, umas intervindo nas outras, estas interferindo naquelas” (Deleuze & Guattari, 1980/1995b, p. 29).

A definição de Agenciamento que sumariza todos estes aspectos é:


Segundo um primeiro eixo, horizontal, um agenciamento comporta dois segmentos: um de conteúdo, o outro de expressão. Por um lado, ele é agenciamento maquínico de corpos, de ações e de paixões, mistura de corpos reagindo uns sobre os outros; por outro lado, agenciamento coletivo de enunciação, de atos e de enunciados, transformações incorpóreas sendo atribuídas aos corpos. Mas, segundo um eixo vertical orientado, o agenciamento tem, de uma parte, lados territoriais ou reterritorializados que o estabilizam e, de outra parte, picos de desterritorialização que o arrebatam.” (Deleuze & Guattari,1980/1995b, p. 29)


Voltando ao nosso objeto de estudo, “ouvir vozes”, podemos então supor, inicialmente, que todos nós tiramos nossa voz de um universo de virtualidade que nos é legado por nossas ancestralidades, que é o mesmo que dizer com os autores que “todo discurso é um discurso indireto”, ainda que não estejamos consciente disso, ancestrais falam em nossa voz, sempre. Ao atualizarmos as vozes ancestrais, o fazemos em circunstâncias específicas, em um processo de individuação (tal como detalhamos no post “O Ser e o seu Drama”), inconsciente, daí os discursos indiretos que fazemos não corresponderem a uma citação literal daquilo que ficou registrado em nós. Isto é o que se passa em nosso cotidiano.

Seria o mesmo que dizer, com nossos autores, que o que falamos contém um certo grau de desterritorialização em relação ao dito disponível virtualmente  que se mostra adequado à situação. Como exposto acima, este grau de desterritorialização irá se conjugar com graus de desterritorialização no “conteúdo”, do agenciamento maquínico de corpo ou produção desejante. Isso dá a suposta “originalidade” ou “criatividade” na produção do que dizemos, levando o interlocutor a crer que o tivéssemos inventado, ali e então, que somos os sujeitos de nossos enunciados, o que, concomitantemente, sentimos.

Mas, se buscamos em nossas memórias, há diversas situações cotidianas, momentos de tensão emocional, num debate, numa discussão, numa briga, nas quais, até dizemos: “perdemos a razão e o controle”, em que a conjugação dos graus de desterritorialização entre os agenciamentos maquínicos e de enunciação não se fazem de forma tão estável, o que seria de se supor, pela intensidade emocional que a situação possui. Após estes momentos, vivenciamos sentimentos de estranhamento e dissociação, “como se não fôssemos nós”, “como se algo nos houvesse dominado, tomado, incorporado”. Ou seja, os graus de desterritorialização não puderam se conjugar, dadas as exigências que as circunstâncias nos impunham, referentes a todos os aspectos morais implicados.

É a este grau de conjugação entre os dois lados dos agenciamentos (maquínico e de enunciação) que nos referimos, em Esquizoanálise, quando tentamos compreender o fenômeno dissociativo, aquele no qual o Cogito Racional, que nos leva a sentir-nos sujeitos de nosso próprios enunciados, mostra um funcionamento menos eficiente.

A Esquizoanálise nos ensina que nunca somos sujeitos de nossos enunciados, há sempre um discurso indireto, mesmo naquelas enunciações que nos são mais caras, que mais nos parecem afirmar nossas identidades. O sujeito de enunciação é apenas uma suposição própria a um determinado Regime de Signos ou Máquina Semiótica, aquela da Significação,dizem os nossos autores.

Os “ouvidores de vozes” estariam funcionando em grau menos eficientes nesta conjugação, a tal ponto, que os nossos autores chegam a referir a um Cogito Esquizofrênico como tendo vindo a substituir o Cogito Racional. Mas, o que nos importa mais aqui, é que a diferença entre nós e os “ouvidores de vozes” nunca deixou de ser apenas uma diferença de grau, jamais uma diferença de natureza. Portanto, podemos dizer sim, que nós e os “ouvidores de vozes” não somos de naturezas diferentes, o que se observa é resultado de diferenças de grau no funcionamento do Cogito Racional.

Portanto, nos parece correto concluir: Somos todos “ouvidores de vozes”! Queiramos ou não. Passamos todos por situações similares, em nossa vida cotidiana, nas quais o Cogito Racional não consegue atuar em sua forma mais dogmática. Nunca somos sujeito de nosso enunciado, que “nasce do desmembramento do agenciamento coletivo (...) o conjunto das vozes concordantes ou não de onde tiro a minha voz” (Deleuze & Guattari, 1980/1995b, p. 23, negritos nossos).



Referências Bibliiográficas:

Deleuze, G., & Guattari, F. (1995a). Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia 2 (1ª ed., Vol. 1) (A. Guerra Neto, & C. P. Costa, Trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1980).

Deleuze, G., & Guattari, F. (1995b). Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia 2. (1ª ed., Vol. 2) (A. L. de Oliveira, & L. C. Leão, Trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1980).

Deleuze, G., & Guattari, F. (1996). Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia 2. (1ª ed., Vol. 3) (A. Guerra Neto, A. L. de Oliveira, L. C. Leão, & S. Rolnik, Trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1980)

Deleuze, G., & Guattari, F. (1997a). Mil Platôs: Capitali/smo e esquizofrenia 2 (1ª ed., Vol. 4) (S. Rolnik, Trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1980).

Deleuze, G., & Guattari, F. (1997b). Mil Platôs: Capitalismo e esquizofrenia 2. (1ª ed., Vol. 5) (P. P. Pelbart, Trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1980).

Deleuze, G., & Guattari, F. (2010). O Anti-Édipo: Capitalismo e esquizofrenia 1. (1ª ed.) (L. B.  Orlandi, Trad.). Editora 34. (Trabalho original publicado em 1972).

Deleuze, G., & Guattari, F. (2017). Kafka: Por uma literatura menor. (C. V. da Silva, Trad.). Autêntica. (Trabalho original publicado em 1975).







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