OCCURSUS: PRIMEIRO MÓDULO: CONTEÚDO E ORIGINALIDADE
Occursus é um Curso que utiliza modalidade híbridas, na formação continuada de profissionais das áreas Psi afins. Para consegui-lo buscou aliar as modalidades remota, assíncrona e síncrona, com a presencial, com a meta de oferecer uma opção prática, cômoda, acessível e de baixo custo. Mas, sem perder a qualidade teórico-conceitual, pelo contrário, tentando inovar também neste aspecto. Isto é o que pretendemos expor neste texto.
Em seus aspectos formais, o Curso se divide em dois módulos, o primeiro deles recorre a modalidade remoto e as suas duas possibilidades: assíncrona e síncrona.
Para o Primeiro Módulo, na modalidade remota assíncrona, foram gravados 15 videoaulas que foram agrupados em cinco Blocos de Conteúdo. Adicionalmente, o aluno é beneficiado com o acesso gratuito a um encontro on-line (síncrono), por ele agendado, correspondente a cada videoaula, no qual poderá esclarecer dúvidas, fazer questionamentos, debater e discutir o conteúdo apresentado com o docente, em pequeno grupo de até cinco alunos. Além disso, durante os estudos dos encontros, sem prejuízo do encontro suplementar, o docente disponibiliza um canal de WhatsApp para que o aluna possa apresentar suas dúvidas e questões, que serão respondidas o mais rápido possível. Espera-se criar um ambiente virtual de aprendizagem caracterizado pelo diálogo e a troca.
O Segundo Módulo: Supervisão será realizados na modalidade on-line (remoto síncrono) e presencial em grupos de até 12 participantes. Dessa forma, espera-se aliar as comodidades da modalidade remota com a importância da presencial, uma vez que se trata de iniciação em uma modalidade ativa de atuação profissional, para a qual a prática presencial é considerada indispensável. A critério do aluno e dependendo da disponibilidade do docente, a supervisão on-line também poderá ser individual.
A seguir trataremos dos aspectos de conteúdo do Occursus: Primeiro Módulo, expondo os critérios de seleção, seus objetivos e estratégias de intercessão por seus signos. Destaque-se a ORIGINALIDADE das escolhas que, de modo geral, pretende proporcionar uma Aprendizagem como Encontro com os Signos, tal como concebida por Gilles Deleuze. Assim, haverá sempre um "problema" gerador de cada encontro, a partir do qual se evidenciarão os signos e as conexões a se estabelecer com eles. O tema central será a Diferença e a Repetição, colocado de suas várias perspectivas, gerando diversos problemas.
INTERCESSÃO PELO ENCONTRO COM OS SIGNOS NO BLOCO INTRODUÇÃO
Para Deleuze, em “Proust e os Signos” e “Diferença e Repetição”, a aprendizagem só ocorre no encontro com os signos. Mais especificamente, aprender é conectar partes notáveis do corpo do aprendiz com pontos notáveis da ideia objetivada, os signos. Para favorecer este processo, o professor, com seus métodos, sua didática, sua disciplina, deve dar lugar ao intercessor, que não se utiliza de métodos nem de disciplina, pois, como diz Deleuze, em “Diferença e Repetição” (p. 236): “nunca se sabe de antemão como alguém vai aprender – que amores o tornam bom em latim, com quais encontros se é filósofo, em que dicionários se aprende a pensar”. Ao intercessor, como seu nome indica, cabe apenas incentivar, estimular, favorecer e acompanhar o Encontro com os Signos, que ocorre fortuitamente, ou seja, se constitui num Occursus.
Primeiro Bloco: "INTRODUÇÃO":
O Tema 1: Ontologia do Devir: compreende dois pontos singulares (signos): a Ontologia Clássica ou Tradicional e a Ontologia do Devir. Na apresentação destes dois pontos, resgatamos a diferenciação que se faz entre estas duas figuras da Ontologia, mas, como estratégias para incentivar o encontro com tais signos, evidenciamos, além de sua breve caracterização, as implicações práticas de cada uma delas, destacando a naturalização que a Ontologia Clássica faz em relação à intolerância à Diversidade e à Diferença, em seu diversos tipos: fascismos, racismos, machismos, preconceitos, colonialismos, supremacismos etc.; enquanto a Ontologia do Devir favorece toda forma de ultrapassagem, questionamento e crítica destes.
O Tema 2: O Pensamento e sua Imagem: se constitui num desafio de apresentar o capítulo 3 de Diferença e Repetição de Deleuze, no qual expõe a Imagem do Pensamento. Em seus oito postulados, a estratégia foi aproveitar uma diferenciação que o autor faz na conclusão do capítulo, em que ele diferencia a figura "natural" (naturalizada) de cada postulado de sua "figura filosófica", como organizador das citações sobre o postulado, acrescendo a elas um terceiro aspecto, a crítica ou ultrapassagem destas duas figura por Deleuze. Neste encontro também se aborda a questão da intolerância à diversidade, ao se evidenciar que a Imagem Dogmática do Pensamento pode ser considerada como a gênese e matriz da mesma.
O Tema 3: Bergson: Duração e Memória: embora tivéssemos pensado inicialmente que não iríamos abordar nenhum dos intercessores de Deleuze, para não sobrecarregar o curso com erudição filosófica, tão difícil de acompanhar por não filósofos, não pudemos nos esquiva de Bergson, já que constitui o ponto em comum entre Deleuze e Moreno, em suas respectivas influências filosóficas. Na apresentação dos conceitos bergsonianos, são enfatizadas suas relações com a Diferença, apontando para a questão da intolerância à ela.
SEGUNDO BLOCO: CONCEITOS BÁSICOS (1a Parte)
O Tema 4: Fundamentos Históricos e Filosóficos do Psicodrama: a estratégia foi destacar a controvérsia a respeito dos fundamentos filosóficos do Psicodrama, de um lado, a obra aprovada pela Federação Brasileira de Psicodrama (FEBRAP), que coloca o período religioso de Moreno como o inicial para depois afirmar que, após um período no teatro, ele passou a desenvolver uma concepção científica, que acaba por se internacionalizar. De outro lado, apresentamos o obra de Eugenio Garrido-Martin que defende não apenas a fundamentação das concepções de Moreno no hassidismo como a sua permanência até os últimos dias.
No Tema 5: Espontaneidade e Criatividade: optamos por outra controvérsia, esta já mais aceita pela FEBRAP, a crítica ao conceito de Espontaneidade em sua qualidade de adequação ao mundo exterior do sujeito realizada por Naffah Neto em sua obra de 1979.
No Tema 6: Máquina Desejantes e Agenciamento: nos aproveitamos de observação de Zourabichvili sobre a complementaridade entre o Anti-Édipo e seu conceito central de Máquinas Desejantes e Mil Platôs e seu conceito reverberante de Agenciamento.
TERCEIRO BLOCO: CONCEITOS BÁSICOS (2a Parte)
O Tema 7: Regime de Signos: completa e avança aquele em que se apresenta o conceito de Agenciamento (Platô 4), pois um Regime de Signo ou Máquina Semiótica se constitui numa reunião de Agenciamentos Coletivos de Enunciação.
O Tema 8: Papeis, Tele-relação e Encontro: a estratégia foi a mesma utilizada a propósito de Espontaneidade e Criatividade, apresentar as concepções de Moreno e depois colocá-las em debate a partir das críticas de Naffah Neto.
O Tema 9: Signos: Clínica e Aprendizagem como Agenciamento: foi introduzido para ampliar a noção de Occursus como Encontro com os Signos, inicialmente apresentado por Deleuze em Proust e os Signos e posteriormente desenvolvido em Diferença e Repetição. Acrescentamos também as contribuições de Zourabichvili sobre o tema. Finalizamos com apontamentos práticos para a atuação profissional na clínica e na educação.
QUARTO BLOCO: CONCEITOS BÁSICOS (3a Parte)
O Tema 10: Rizoma e Multiplicidades: foi introduzidos para avançar numa ampliação das concepções até aquele momento apresentadas sobre o Agenciamento, não queríamos incidir no erro de Freud, negar as multiplicidades, embora nas nossas aproximações iniciais, não houvéssemos podido abordar este aspecto para não complexificar ainda mais os conceitos. Iniciamos com o conceito de Rizoma que antecipa e prepara o de Multiplicidade.
O Tema 11: Psicoterapia Psicodramática: sessão e técnicas de produção: foi escolhido para iniciar aqueles alunos não familiarizados com o enquadre psicodramático.
No Tema 12: Princípios da Psicoterapia Psicodramática e Realidade Suplementar: após os princípios, tal como apresentado por Moreno, se introduz aquele de Realidade Suplementar, o conceito que nos será de fundamental importância no Occursus, por sua formulação favorecer o diálogo com a Esquizoanálise.
OCCURSUS (CONCLUSÃO)
Antes de abordarmos o Occursus enquanto intermezzo entre Esquizoanálise e Psicodrama, com o qual concluiríamos o Curso, no Tema 13: Segmentaridade e Micropolítica, necessitávamos apresentar os conceitos que Deleuze e Guattari desenvolveram para considerar os aspectos molares ou macropolíticos.
No Tema 14: Devires e Corpo sem Órgão, ainda restava um aprofundamento mais extenso no plano vertical do Agenciamento, aquele da desterritorialização, para o qual Devir e Corpo sem Órgão eram indispensáveis.
O Tema 15: OCCURSUS: Cartografias de Agenciamentos em Realidade Suplementar conclui o Curso, centrado, em relação à Esquizoanálise no conceito de Agenciamentos como Multiplicidades, e do Psicodrama no de Realidade Suplementar.
Com este percurso teórico e conceitual, é nosso propósito propor um intermezzo Esquizoanálise e Psicodrama que seja o melhor fundamentado filosoficamente possível, considerando a clientela do curso e suas possibilidades de acompanhamento nas ditas erudições filosóficas, mas que pudesse ainda apresentar simplicidade, uma vez que conseguimos destacar de Deleuze e de Moreno o conceito, ainda que abordado em todas as suas complexidades e interconexões com os demais, que melhor representasse seus respectivos pensamentos.
Deste intermezzo derivamos uma proposta de prática profissional muito aberta e apenas indicativa que venha substituir os ditos "enquadres" psicodramáticos ou de qualquer outra abordagem psicoterapêutica.